Nossos Territórios

Mais do que o nosso território, esta é a nossa terra.

No que hoje é o Estado do Mato Grosso, há um caminho pela mata que vai desde a foz do Öwawe, o “rio das Mortes”, até as suas cabeceiras. Nós, o povo indígena A’uwe, chamamos esse caminho de maranã bödödi.

Nota do jornal Correio Paulistano, publicada em 1953, noticiando o assassinato de 22 indígenas do nosso povo.

Reportagem do Jornal do Brasil, datada de Novembro de 1972, e que registra a situação de vulnerabilidade do nosso povo, e mobilização pela demarcação das nossas terras na região de Areões.

Matéria do Jornal do Brasil, datada de Novembro de 1973, noticiando a luta do povo A’uwe pela demarcação de suas terras na região de Sangradouro/Volta Grande e São Marcos.

Por esse caminho, nós caçamos, pescamos e coletamos frutos do cerrado. Esse caminho liga os nossos territórios e, antes da chegada do waradzu, nós caminhávamos por ele para visitar os nossos parentes. Foi também ao redor dele que firmamos as nossas aldeias, e resistimos aos massacres que os waradzu nos impuseram. 

 

Mais do que o nosso território, esta é a nossa terra. O governo, no entanto, recortou o maranã bödödi com rodovias, criando vilas e cidades. A natureza que vocês chamam de cerrado, e nós chamamos de ró, foi derrubada para abertura de grandes fazendas em todo vale do Araguaia, às margens do rio das Mortes e na Serra do Roncador.

Sem poder caçar, pescar e coletar como faziam antes, nosso povo passou necessidade. Foi então que os nossos verdadeiros líderes, A’uwe Uptabi, lideraram a luta pela demarcação dos nossos territórios.

Depois de muitos anos de mobilização, o governo finalmente destinou nove territórios indígenas ao povo A’uwe-Xavante. Cercadas por fazendas de plantações de soja e pasto, essas terras são hoje um dos poucos lugares do estado do Mato Grosso onde o ró ainda está vivo, e o cerrado está de pé.

 

Seguimos lutando pelos cinco outros territórios indígenas que ainda estão pendentes de demarcação, e pela proteção de todo maranã bödödi como nossa terra, e do Öwawe como nosso rio.

Para visualizar os limites dos territórios demarcados aos Xavante, clique aqui ou navegue no mapa abaixo.